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Pelotas: É encontrada cápsula do tempo enterrada por Miss há 88 anos

O dia 7 de maio de 2019 vai entrar para a história da cidade de Pelotas. Nesse dia, sob os olhares atentos e emocionados de mais de uma dúzia de pessoas, foi encontrada uma cápsula do tempo que estava em uma urna, enterrada há 88 anos, debaixo do monumento a Yolanda Pereira, na praça Coronel Pedro Osório. 

 

Colocada no então “Roseiral Yolanda Pereira”, em 1931, quando Yolanda tinha 21 anos e para homenageá-la por seus diversos títulos de beleza — o mais importante, o de Miss Universo (1930), que colocou o município em evidência mundial —, o plano era de que a cápsula fosse aberta nos 50 anos do título, em 1980, o que nunca aconteceu.

 

 

 

Assim que teve a confirmação da existência da caixa, Paula, que não escondeu o entusiasmo com o achado histórico, ligou para o presidente do Clube Caixeiral, Victor Siqueira, e para a diretora do Diário Popular, Virginia Fetter, que estava em viagem e foi representada, na ocasião, pelo editor-chefe Jarbas Tomaschewski — duas das entidades que, em 1931, participaram da homenagem a Yolanda Pereira.  

 

Siqueira e Tomaschewski encontraram Paula na praça Coronel Pedro Osório para acompanhar a retirada da caixa metálica e logo levá-la ao Paço Municipal, onde foi constatado que, devido ao acentuado estado de desgaste pela ação do tempo, a caixa encontra-se lacrada.

 

Conforme orientação da conservadora/restauradora do Museu da Baronesa, Fabiane Rodrigues Moraes — que também se deslocou ao local para acompanhar pessoalmente o processo—, terá que passar por uma higienização cautelosa, por especialistas, para que possa ser aberta sem ser danificada. A prefeita ficou de tornar a chamar a todos, que ficaram comovidos e curiosos por conhecer o seu conteúdo, assim que for possível abrir a caixa.

 

A descoberta da possibilidade da existência da cápsula foi levantada pelo pesquisador Guilherme Pinto da Almeida, de iniciativa do projeto Otroporto, e publicada no Almanaque do Bicentenário de Pelotas (2012). Depois de saber de sua existência, ele fez um levantamento dos periódicos de três anos – 1979, 1980 e 1981 – e não encontrou nenhum registro de que tivesse sido desenterrada.  

 

Aproveitando que a praça está em obras de requalificação, a Prefeitura decidiu averiguar a possibilidade levantada por Almeida e teve acesso à cápsula pela lateral da base do monumento – primeiro pela equipe de funcionários da Marsou Engenharia Ltda., empresa vencedora da licitação, responsável pela revitalização da praça, e logo pela conservadora/restauradora do Museu da Baronesa, que entregou a caixa à prefeita Paula Mascarenhas.

 

O conteúdo da cápsula

 

Como o local em que a caixa estava enterrada era muito úmido, e ela levou 39 anos, além dos 49 programados, para ser retirada, é difícil saber se de fato resta alguma coisa do que foi colocado lá dentro há 88 anos. Trecho extraído da pesquisa de Almeida, contudo, dá uma noção precisa do que deveria ser o seu conteúdo:

 

“Lida a ata, que recebeu inúmeras assinaturas, foi ela encerrada numa artística caixinha de ferro, esmaltada de azul e ouro, presa à chave uma fita com as cores gaúchas - oferta da ‘Fundição e Mecânica’, de Santos, Sica & Cia., urna em que também ficaram depositados: um excelente retrato do Studium Inghes, da Miss, com autógrafos, clichês das moedas de prata que o Ministro da Fazenda, Dr. José Maria Whitaker, mandou cunhar, com a efígie de Miss Universo 1930, representando a Segunda República; números do[s periódicos] ‘O Libertador’, Diário Popular’, ‘Correio Mercantil’, ‘Opinião Pública’, ‘A Luz’, Diário de Notícias’, ‘A Noite’, que se ocupam de Yolanda Pereira, em sua campanha de Miss, e um exemplar do ‘Almanaque de Pelotas’, que traz um magnífico resumo dessa campanha.”  

 

“Independentemente do que iremos encontrar, nada diminui a intensidade histórica desse momento”, disse a prefeita, exultante.

 

Presente no local, o produtor cultural, integrante do projeto Otroporto, Duda Keiber, disse que “é muito simbólico que a cápsula em homenagem a uma mulher, Yolanda Pereira, tenha sido encontrada pela primeira prefeita mulher de Pelotas, Paula Mascarenhas”. Keiber lançou a proposta que se faça um concurso para definir o conteúdo de uma nova cápsula, em homenagem às mulheres pelotenses, para que seja enterrada também na principal praça de Pelotas e aberta dentro de 50 anos. “Hoje temos outros recursos mais aprimorados, com materiais de isolamento térmico e embalagens a vácuo, que ajudariam na sua conservação”, opinou.  

 

A ata do dia em que a caixa foi enterrada, que integrava a cápsula:

 

Transcrição 34 da Ata de Fundação do Monumento a Yolanda Pereira: “Aos dezesseis dias do mês de outubro de mil novecentos e trinta e um, presentes as pessoas que esta subscrevem, reunidas à Praça Coronel Pedro Osorio, nesta cidade de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, teve lugar o lançamento da pedra fundamental do marco em honra de “Miss Universo 1930”, no quarteirão destinado ao “Roseiral Yolanda Pereira”, o qual, por iniciativa dos srs. Redatores do “Diário Popular” e do “O Libertador”, respectivamente dr. M. Vieira Monteiro e Waldemar Coufal, este ainda correspondente do “Diário de Notícias” de Porto Alegre, jornal que, no Estado, dirigiu o Concurso Internacional de Beleza, e com o apoio das mais representativas associações e clubes de Pelotas, que, em nome do povo, requereram ao sr. dr. João Py Crespo, d. d. prefeito do município, a criação do “Roseiral”, foi decretado, pouco depois, pelo d. d. subprefeito em exercício, sr. major Adolfo Gonçalves da Silva, em ato nº 1882, de 10 de setembro de 1931, para comemorar os gloriosos feitos da senhorinha Yolanda Pereira, filha desta cidade, que sucessivamente obteve, em sensacionais prélios, os títulos de “Miss Pelotas”, “Miss Rio Grande do Sul”, “Miss Brasil”, “Miss Universo”.   

 

Testemunhas oculares  

 

Também presenciaram o momento em que a caixa foi retirada debaixo do monumento: o secretário de Cultura, Giorgio Ronna; a chefe de gabinete da prefeita, Kelli Schaefer; o assessor especial de Comunicação, Gustavo Azevedo; representando o secretário de Obras e Pavimentação, Luiz Eduardo Tejada, Nevton Pierri; o diretor de Manifestações Populares, Paulo Pedrozo, e João Rodrigues, ambos da Secult; e os três funcionários da Marsou, que deram início ao processo de retirada da caixa: Regoli da Silva Cruz, Kainã Silveira Ramires e Luan Franco da Luz; além de jornalistas e fotógrafos da imprensa local. 

Fonte: http://www.jornaltradicao.com.br/site/content/educacao/index.php?noticia=31560