Situações de raiva, irritação e frustração são comuns à realidade de muitas pessoas e aprender a lidar com elas pode ser fundamental para a criação e manutenção de ambientes mais pacíficos e seguros.
Partindo desta ideia, o ACT – metodologia socioemocional do Pacto Pelotas pela Paz – trabalha a temática com 95famílias de Pelotas, em 12 escolas de educação infantil e duas unidades de serviço social do Município. A iniciativa integra as ações preventivas do Pacto, por meio do programa Infância Protegida.
Ontem, o assunto foi tratado com um dos grupos em atividade no Centro de Referência de Assistência Social (Creas) Cruzeiro, onde nove famílias aprendem semanalmente a enfrentar os conflitos corriqueiros do dia a dia e oferecer uma educação distante de qualquer violência a seus filhos e netos.
A facilitadora do ACT, que media as sessões, Andréia Iriart destacou que as crianças podem ser expostas, frequentemente, a fatores de risco, como assistir programações violentas na televisão ou presenciar desentendimentos.
“Nós, pais e cuidadores, somos responsáveis por ter controle e filtrar estes aspectos; ao mesmo tempo, precisamos ter consciência de que nossos filhos aprendem com exemplos, ou seja, é necessário que cuidemos como agimos dentro e fora de casa porque eles tendem a reproduzir estes comportamentos”, aconselhou.
REFLEXO EM CASA
Aos 50 anos, José Carlos precisou assumir a criação dos três netos e retomar o compromisso de educar. Para ele, o desafio, que é compartilhado com a esposa, tem se tornado mais fácil depois que começou a participar do projeto do Pacto, o que impactou na melhor convivência familiar.
“A gente aprende a ter mais controle e a pensar antes de brigar. O grupo me faz muito bem, me ajuda a ter tranquilidade e a ver que eu não estou sozinho. Sem essa rede [Creas, Cras e ACT] me apoiando, eu não conseguiria lidar sozinho”, ressaltou o avô.
PRESENÇA DOS PAIS
José Carlos é um dos sete homens participantes da metodologia, número ainda baixo comparado à representação feminina no projeto, mas que alegra a coordenadora Alicéia Ceciliano.
“É algo que não tínhamos no ano passado [em 2018, o ACT beneficiou 123 mães]. Os homens estão aprendendo que também fazem parte da educação e desenvolvimento dos filhos, e que precisam se envolver e impor limites, igualmente, às mulheres”, apontou Alicéia.
A coordenadora ainda destacou que os 14 facilitadores do programa recebem capacitação, semanalmente, com psicólogo para rever os conceitos trabalhados com as famílias, o que dá mais propriedade e segurança à atuação dos profissionais.
O QUE É O ACT?
A metodologia utilizada no programa foi desenvolvida pela Associação Americana de Psicologia e consiste na realização de nove sessões de grupo. Ela utiliza-se de discussões e dinâmicas para elucidar maneiras de reagir de forma positiva às dificuldades emocionais e sentimentos aversivos das crianças. Inédito no Brasil, o método foi aplicado a partir do Estudo Piá (convênio entre Prefeitura e UFPel), em 2018, e ampliado pela Prefeitura em 2019.
ONDE ACONTECE?
Nas Emeis Adayl Bento Costa, Albina Peres, Anita Malfatti, Darcy Ribeiro, Érico Veríssimo, João Guimarães Rosa, Mário Osório Magalhães, Monteiro Lobato, Nelson Abott de Freitas, Oswald de Andrade, Paulo Freire e Vinícius de Moraes; no Creas Cruzeiro e no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Colônia Z3.
Fonte: http://diariodamanhapelotas.com.br/site/pacto-pela-paz-familias-aprendem-a-lidar-com-situacoes-de-raiva/