Um espaço lotado de pessoas dispostas a refletir sobre a atual situação das universidades e institutos federais no Brasil, sobretudo, a respeito das restrições orçamentárias enfrentadas por essas instituições. Assim estava o auditório do câmpus Pelotas do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) nesta manhã de sexta-feira (18).
No local, reuniram-se alunos, servidores, lideranças políticas e da área de educação para participar do seminário “A educação no desenvolvimento regional”, que tem por objetivo sensibilizar a comunidade sobre o importante papel que os institutos têm no desenvolvimento do estado.
O evento, organizado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL/RS) e pelo Fórum Democrático dentro da Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais do RS, teve o IFSul como parceiro.
Cortes orçamentários
Na abertura do encontro, o reitor do IFSul, Flávio Nunes, apresentou o atual panorama dos institutos em âmbito estadual e mencionou os números do IFSul, formado por 14 câmpus, distribuídos em 13 cidades. Ao elogiar a iniciativa da Assembleia Legislativa em unir-se à luta em defesa dos institutos, o reitor destacou as dificuldades que as instituições estão enfrentando por conta dos contingenciamentos orçamentários.
O dirigente relatou que o governo federal, em 2017, cortou recursos significativos que seriam destinados ao pagamento de despesas para o funcionamento das instituições. Os cortes, além de imporem dificuldades para a manutenção dos trabalhos, também prejudicam o processo de implantação dos novos câmpus e consolidação dos mais antigos, por exemplo.
Se a situação não mudar, será difícil manter o funcionamento pleno das unidades de ensino, conforme o gestor. “Contamos com o apoio de todos para que possamos mobilizar a comunidade, reverter esse quadro e continuar oferecendo um ensino de qualidade”, convocou.
Alunos de baixa renda
O presidente da Assembleia Legislativa, Edegar Pretto, destacou que uma das características dos institutos é atender a populações de baixa renda. Nesse sentido, ele comentou que levantamentos recentes mostram que a grande maioria dos estudantes dessas instituições são oriundos de famílias cuja renda per capita não ultrapassa dois salários mínimos. O deputado apresentou esses dados para rebater notícias que estão sendo divulgadas apontando que os alunos dos institutos federais pertencem à elite.
Pretto pediu apoio de todos para que as instituições continuem oferecendo um serviço de qualidade. “O envolvimento somente da Assembleia Legislativa é pouco. Alunos, se mobilizem, cobrem dos políticos”, incentivou.
Para isso, o deputado convocou todos a participarem ativamente das mobilizações que ainda ocorrerão em defesa dos institutos, como o lançamento da Frente Gaúcha em Defesa da Educação Pública, no dia 1° de setembro.
Palestra
O seminário também contou com a presença do professor Eliezer Pacheco, que foi titular da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/Ministério da Educação) entre 2005 e 2012, período de implantação dos institutos federais.
Em sua palestra, ele destacou o papel estratégico dos institutos no desenvolvimento do país. “Não há soberania sem tecnologia. O que garante a soberania de um país é o fato de ele ser independente tecnologicamente”, disse.
Eliezer ressaltou, também, que os institutos estão entre as instituições mais eficientes do mundo e contemplam uma nova concepção de ensino, seguindo um itinerário que parte da formação inicial até a pós-graduação. “Se uma pessoa quiser, tiver boa vontade, pode entrar (em algum instituto) como aprendiz e sair como doutor”.
O professor lembrou que, pela importância que os institutos têm, essa luta em defesa deles não pode ser apenas das comunidades internas das instituições, mas deve ser assumida por toda a sociedade.
Seminário em Bagé
Ainda na sexta-feira, o seminário foi realizado em outra cidade abrangida pelo IFSul. Em Bagé, o evento ocorreu na Câmara de Vereadores do município.
Fonte: http://www.jornaltradicao.com.
