Seminário reuniu professores de Herval, Capão do Leão, São Lourenço, Pedro Osório, Canguçu e Pinheiro Machado e Rio Grande
Por Carlos Cogoy
Retrocesso, poucas mudanças ou novas perspectivas. Opiniões se dividem diante da recente decisão – ao fim de setembro – do Supremo Tribunal Federal (STF), que autoriza o ensino religioso “confessional” em escolas públicas. Em Pelotas, a questão foi abordada durante o 13º Seminário Regional de Ensino Religioso. No evento promovido pelo Conselho de Ensino Religioso do RS (CONER), que teve como tema “O papel do educador na sociedade atual – perspectivas & desafios”, delegações com professores de diferentes municípios da Zona Sul. O seminário, como tem ocorrido anualmente, integra a especialização em “Ensino religioso”, oferecida pela 5ª CRE. À frente do curso, a professora Dora Domingues, cuja trajetória profissional está ligada ao empenho pela retomada do ensino religioso nas escolas. Sábado no auditório da SMED onde, pela manhã e tarde, foi realizado o seminário regional, ela mencionou sobre a decisão do STF que, por seis votos a cinco, julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade, na qual a Procuradoria-Geral da República definia que o ensino religioso não fosse vinculado a religião específica. Para a professora Dora, que tem valorizado a diversidade religiosa, embora tenham ocorrido manifestações repudiando a medida, na prática não se terá alteração significativa na política estadual, pois a matrícula é facultativa. Já o padre Martinho Lenz, que também palestrou no seminário, considerou que a decisão não visa o ensino “proselitista”, mas possibilita a participação “testemunhal”. E ratificou: “Nada se modifica, pois a Lei de Diretrizes e Bases, a LDB, designa que cada Estado pode definir normas”.
DIVERSIDADE – O padre Martinho Lenz citou o exemplo do jovem professor Wemerson Nogueira. Ano passado ele foi premiado, pois adaptou o ensino com base em questões cotidianas. Para que os alunos aprendessem sobre química, o professor capixaba os levou até famílias que foram atingidas pelo rompimento de barragem. Os estudantes ficaram impactados pelos relatos, e surgiu a ideia de criar um filtro para ajudar os ribeirinhos. Outro exemplo citado pelo padre, foi da professora Ellen de Abreu Silva que, no interior de Minas Gerais, tentou salvar os alunos, passando-os pela janela da creche em chamas.
E o padre mencionou que uma colega comentou sobre a professora, dizendo que “ela jamais deixaria seus alunos para trás”. Assim, frisou o padre Lenz, demonstração de fidelidade e lealdade. De acordo com ele, o educador contemporâneo se depara com a desigualdade social, falta de solidariedade, abandono escolar, epidemia do egocentrismo, superficialidade e desinteresse, maré da resignação e desesperança. Então o caminho é pensar e realizar uma “escola em saída”, com alternativas, e exemplificou com a Orquestra da Escola Areal que, sem recursos, exibe-se com talento. Já Maria Teresa Silveira do Seicho-no-ie, destacou o programa de “Educação da vida”, que valoriza o aspecto positivo dos alunos, pois cada um deseja ser amado, reconhecido, útil, elogiado e livre. A representante da Liga Espírita Pelotense (LEP), Doris Barreto Bartz, salientou que a família é essencial pois mostra o exemplo, já a escola enobrece, e a comunidade é o espaço para concretizar. “Onde falta amor e diálogo, os filhos estão entregues a própria sorte”, mencionou. Na manifestação de Joab Bohns (Federação Sul-riograndense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros), abordagens sobre a paz, caridade e os orixás. Ele criticou a decisão do STF, considerando que dá margem à imposição e doutrinação.
Fonte: http://diariodamanhapelotas.com.br/site/ensino-religioso-perspectivas-e-desafios-ao-educador/