O jornalista investigativo Tim Lopes recebeu, na manhã deste domingo (2), uma homenagem em sua cidade natal. A partir de hoje, a rua que é continuidade da avenida Guabiroba, atrás da Rodoviária, no Fragata, chama-se rua Jornalista Tim Lopes. A cerimônia foi conduzida pela prefeita Paula Mascarenhas, com a participação de dois irmãos do homenageado, Tânia e Miro Lopes.
Proposta pelo ex-vereador Luiz Carlos Matozzo, a homenagem foi aprovada em 2004. A Prefeita enfatizou a coragem do homem que honrou o jornalismo e deixou um legado para as próximas gerações. Paula falou sobre o Pacto Pelotas pela Paz, criado em 2017, que faz o enfrentamento à violência, com a participação de toda a sociedade, uma atuação fundamental para reduzir os assustadores índices de homicídios que a cidade enfrentava, com ações como a proteção de crianças e adolescentes e oportunidades aos apenados que querem se reintegrar na sociedade.
"É muito importante a lembrança do Tim Lopes no momento que a gente está vivendo. Ele foi um brasileiro extraordinário", disse a prefeita.
Tânia conta que em todo o país e em cidades como Nova York e Paris há ruas, praças, monumentos e centros culturais com o nome do irmão mas "essa aqui é a mais importante. Por que aqui é a terra dele. Nos sentimos honrados, porque crescemos ouvindo histórias do Fragata, nossa família morou aqui por dez anos", disse a irmã com a voz embargada.
Os irmãos de Tim Lopes receberam uma réplica da placa instalada na rua, e livros sobre Pelotas. Para a cidade deixaram o documentário Tim Lopes, histórias de Arcanjo.
O pelotense Tim Lopes
O jornalista Tim Lopes, batizado Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, era o quarto filho, em uma família de 12. Pai militar, moraram em vários lugares do país. Tim nasceu em Pelotas, onde viveu a primeira parte da infância. "Ele adorava dizer que era gaúcho", conta Tânia explicando o porquê. “Tinha que dizer, porque não tinha sotaque".
Dois de junho
A data da inauguração da placa é bastante simbólica. Há exatos 17 anos, no dia 2 de junho de 2002, aos 52 anos, o repórter que trabalhava infiltrado, foi descoberto quando fazia uma reportagem sobre abuso de adolescentes e tráfico de drogas em um baile funk no Rio de Janeiro. Tim Lopes teria sido sequestrado, torturado, julgado e executado por traficantes.
Sua morte foi confirmada pela polícia uma semana depois e o enterro apenas depois de mais de um mês, após exames de DNA confirmarem que se tratava do seu corpo, carbonizado.
Também participaram da cerimônia, a assessora especial de Relações Institucionais e Gestão Estratégica, Clotilde Victoria; o proponente da lei que deu o nome à rua, Luiz Carlos Matozzo; o diretor da Secretaria de Cultura (Secult), Paulo Pedrozo; o radialista Carlos Nogueira; representantes da banda carnavalesca Entre a Cruz e a Espada; do Clube Farroupilha e integrantes da comunidade.
Fonte: http://www.jornaltradicao.com.br/site/content/variedades/index.php?noticia=31941