Digite a Categoria / Nome da Empresa / Produto / Serviço
Selecione ⤵
AUDIÊNCIA PÚBLICA : Câmara debate crescimento de assaltos no transporte urbano

Ruas sem ônibus e Plenário da Câmara Municipal lotado. Cerca de 800 trabalhadores entre motoristas e cobradores pararam as atividades por três horas na tarde de ontem como forma de se manifestarem contra os assaltos a ônibus que se tornaram diários. Deste efetivo, pelo menos, 200 profissionais do transporte e representantes do sindicato da categoria foram até a Câmara discutir o problema com autoridades de segurança, vereadores e secretários municipais e representantes das empresas, em uma audiência pública proposta pelo vereador Eder Blank (PDT).

Os debates foram abertos com vários relatos de funcionários assaltados dentro dos ônibus, em diferentes horários e locais da cidade. Motorista há 22 anos, em linhas da zona norte da cidade, Jesus Castro, que disse não ter certeza, mas acredita que já foi assaltado mais de 30 vezes se emocionou ao lembrar da preocupação dos familiares que ficam em casa.

“Nós estamos aqui hoje porque não temos segurança para trabalhar. É impressionante, mas três indivíduos, que todo mundo sabe quem são, que andam aterrorizando os ônibus conseguiram parar a cidade. Trabalhadores, estudantes, todos neste momento estão sem ônibus, por causa deles”, resumiu, perguntando o porquê de não ter um policiamento maior nos ônibus.

Já o motorista, ex cobrador e integrante da diretoria do Sindicato da categoria, Carlos Eduardo Borges foi mais incisivo “Para que servem as câmeras nos ônibus? Pra vigiar e punir os colegas? Pra prender os assaltantes não serve? Até quando pessoal vamos conviver com isso?”, indagou também cobrando das autoridades policiais.

NÚMEROS – De acordo com os dados divulgados durante a audiência apenas no mês de fevereiro foram 55 assaltos a ônibus. Em janeiro o número ficou em torno de 40 roubos. Só na terça-feira de carnaval foram oito, metade deles, na região da Guabiroba. Uma das empresas, que integram o Consórcio, mais assaltada foi a São Jorge com 21 abordagens dos bandidos.

O QUE DIZ A POLÍCIA?

Representantes da Brigada Militar e da Polícia Civil que participaram da audiência afirmaram que tudo o que está ao alcance das forças de segurança tem sido feito, mas que é preciso o envolvimento de todos. O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, o tenente coronel, Eduardo Perachi, ao citar os números de abordagens, prisões e apreensões por meio da operação Avante disse que uma das dificuldades nesse segmento é a falta de registro das ocorrências.

“Temos uma grande demanda, a cidade é enorme, e os números não estão batendo. Nesse caso de assaltos a ônibus temos 18 registros oficializados. É muito importante que façam os registros, que façam chegar até nós, que liguem, que nos informem”, reforçou o comandante dizendo o quanto é difícil para o trabalho da polícia registrar em um dia o assalto que ocorreu há dois, três dias.

O delegado regional da Polícia Civil, Márcio Steffens, informou que horas antes da audiência, policiais da Defrec haviam prendido dois foragidos que atuavam em roubos a pedestres e a ônibus, e também fez questão de frisar que o fato de uma pessoa ser presa e em seguida ser posta em liberdade – situação bastante cobrada pelos trabalhadores em relação aos assaltantes – diz respeito ao poder judiciário. “Isso passa longe da responsabilidade da polícia civil. Mas todas às vezes que somos comunicados todos os procedimentos são feitos e encaminhados ao judiciário”, explicou.

O secretário Municipal de Segurança Pública, o tenente Bruno, reforçou a importância da interação, da troca de informações, entre a Guarda Municipal, Brigada e Polícia Civil para aproximar os recursos e ampliar as ações de combate a este tipo de crime. “De nossa parte digo que já capacitamos 22 Guardas para atuarem, entre outras atividades mais específicas, em operações nos ônibus. A Guarda está pronta e vamos trabalhar no setor dos ônibus”, informou.

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário de Pelotas, Claudiomiro Amaral foi taxativo “A gente veio hoje aqui em busca de uma solução pra ontem, porque trabalhar desta maneira não tem condição!! Se nada for feito nós vamos parar o transporte novamente”. Já o representante das empresas na audiência, Jorge Oeshlschlaeger, disse que todos os ônibus têm entre três e quatro câmeras que ajudam na identificação dos assaltantes e tudo está à disposição da polícia. “Dentro do que está sendo proposto aqui vamos conversar com as autoridades pra contribuir de todas as formas pra diminuirmos essas ocorrências”.

Para o vereador Eder Bank (PDT) proponente da audiência pública a intenção inicial foi atingida. “Esse debate foi extremamente bom. A gente conseguiu mostrar para as autoridades a realidade que essa categoria tem enfrentado e principalmente ver que tipo de ações podem ser feitas pra diminuir esses assaltos que colocam em risco diariamente a vida desses trabalhadores, além do medo e do estresse”, comentou Blank, informando ainda que espera uma nova audiência num prazo de 60 dias para avaliar o que de fato foi feito.

Fonte: Prefeitura de Pelotas